Quando João Ricardo Vieira pisou no Columbus Civic Center, em 11 de janeiro de 2013, o brasileiro sabia muito pouco do inglês e tinha mais dúvidas do que confiança em suas habilidades.
Foram 11 anos para o aspirante a Campeão Mundial viajar aos Estados Unidos depois de começar a montar em touros aos 17 anos de idade.
João Ricardo não sabia ao certo o que esperar enquanto se preparava para o evento da Touring Pro, mas o representante de Itatinga (SP) havia ouvido diversas histórias de outros competidores que tentaram se mudar para os Estados Unidos para ver os frutos de seus trabalhos no Brasil desaparecer devagar.
Ele ouviu o quão caro viajar de evento à evento nos Estados Unidos seria. Ele também ouviu histórias e assistiu vídeos dos melhores touros da Built Ford Tough Series.
Acima de tudo, ele viu o olhar derrotado de alguns dos seus colegas brasileiros que falharam na busca de seus sonhos.
“Eu sabia que era caro viver aqui e gasta muito dinheiro, especialmente no mundo dos rodeios,” disse João na última temporada. “Você vai ao evento, e não ganha um prêmio, então você perde seu dinheiro. Isso aconteceu com muitos brasileiros – bons competidores – de viajar e não conseguir parar e acabar o dinheiro.”
Independentemente, João sabia que o sucesso era uma possibilidade. Vários brasileiros se tornaram campeões mundiais como Adriano Moraes, Ednei Caminhas, Guilherme Marchi, Renato Nunes e Silvano Alves.
Suas dúvidas eventualmente evoluíram para curiosidade quando ele começou a competir profissionalmente na PBR Brasil. Até 2012, João não havia montado na PBR Brasil, e quando começou a alcançar o sucesso no Brasil, começou a guardar dinheiro.
“Quando eu comecei a montar lá, eu fiquei curioso” disse João. “Eu queria ir aos EUA. Deixei o dinheiro de lado, e disse a mim mesmo que quando estivesse lá, quando meu dinheiro acabasse, e eu não estivesse vencendo, eu voltaria.”
O Rookie of The Year de 2012 da PBR Brasil, desembarcou nos EUA com 15 mil dólares.
Ele parou em 3 dos 4 touros que enfrentou em Wichita Falls, e venceu seu primeiro evento em solo americano e debutou na BFTS uma semana depois em Oklahoma City.
Apesar de precisar apenas 4 eventos da TPD para se classificar na BFTS, João Ricardo ainda tinha suas dúvidas.
Isso foi antes de parar nos quatro touros que enfrentou e vencer a Ty Murray Invitational em Albuquerque (NM), na sua primeira vitória da carreira que suas dúvidas diminuíram.
Ele parou no touro Smackdown e recebeu 92,25 pontos no round final, na primeira de suas 12 notas acima dos 90 pontos e uma premiação de 44,5 mil dólares. Foi então que suas dúvidas saíram da cabeça.
Duas semanas depois, em Billings, ele parou em 3 dos 4 touros, e venceu seu terceiro evento duas semanas depois em Des Moines.
“Quando eu venci meu primeiro evento, eu sabia que era aqui que eu pertencia” disse João Ricardo.
Ele embolsou mais de 133,32 mil dólares com as suas três vitórias. Nada mal para um investimento de 15 mil dólares, certo?
João então colocou suas atenções no seu objetivo maior, que era vencer o campeonato mundial de 2013.
Ele acabou chegando um pouco abaixo desta meta ao terminar em 3º lugar no ranking. João foi coroado Rookie of The Year de 2013.
Três temporadas depois, e João continua em busca do seu primeiro título mundial apesar de chegar tão perto.
Ele terminou em segundo lugar em 2014 e em terceiro lugar novamente esta temporada.
João estava em uma posição privilegiada para vencer a fivela de ouro e o prêmio de 1 milhão de dólares nesta última temporada, antes de chegar na reta final da World Finals.
O competidor de 31 anos de idade ganhou um total de 383,2 mil dólares com a vitória nos dois eventos PBR Major (Iron Cowboy e Last Cowboy Standing) e chegou no break de verão com mais de 1 mil pontos na liderança. Ele foi o primeiro do mundo por nove semanas consecutivas antes de parar em 8 dos 26 touros que montou nos eventos finais, combinados com o surgimento de JB Mauney no ranking.
“Foi decepcionante” disse João, sobre a Final Mundial, “mas estarei pronto para o ano que vem e tentar de novo.”
João Ricardo Vieira concluiu 2015 com 40 paradas em 87 apresentações, nove vezes entre os top 10, seis vezes entre o top 5, venceu 5 rounds da BFTS, teve 3 notas acima dos 90 pontos e uma vitória no 15/15 Bucking Battle em Seattle.
Muitos entendidos do esporte apontam a falha de João de não conseguir vencer os touros na contramão, como um ponto em potencial para vencer um campeonato mundial.
O diretor Cody Lambert explicou que na última temporada que os pontos que João teve problemas são certamente possíveis de corrigir. Ele ainda recomenda uma conversa com uma lenda da PBR que está aposentada.
“João deveria conversar com Adriano Moraes para aprimorar a técnica para vencer touros na contramão” disse Lambert. “Adriano teve a força e o estilo de montar semelhante ao João, até certo ponto.”
Ainda teve o fato que sem as duas vitórias do PBR Major, João não estaria na corrida ao título com 46,78% de seus pontos vindos dessas duas vitórias.
Independentemente disso, João prosperou sob o novo sistema de pontos da PBR, quando se tratava de ganhar eventos, mas ainda assim não foram suficientes.
Como normalmente acontecem no esporte, as lesões podem ter sido um fator importante na segunda metade da temporada. João machucou seu joelho na Final da PBR Brasil em agosto, e também seu punho, torceu o ligamento e machucou a coxa no final da temporada.
João Ricardo Vieira agora olha para suas dúvidas se pode ou não competir nos Estados Unidos e pode rir sobre isso.
De fato, ele acredita que já seria um campeão mundial se tivesse viajado mais cedo para os EUA.
“Eu acho que já teria conquistado o título se eu tivesse vindo mais cedo.” disse João. “Eu não vim antes porque não sabia que eu iria me dar bem aqui.”
Somente o tempo irá dizer se João Ricardo conseguirá fazer aquele desejo tornar realidade em 2016.
Por Justin Felisko
Tradução de Gustavo Carvalho
Foto: Matt Breneman
